A dor da partida de um ente querido é, inegavelmente, um dos mais profundos sofrimentos
experimentados pelo ser
humano. Apenas quem já perdeu alguém muito significativo sabe o
tamanho do sofrimento e o
transtorno emocional que é lidar com essa ausência, esse vazio de
uma lacuna permanente no peito.
Diversos sentimentos (como desânimo, tristeza, raiva,
negação, saudade, frustração,
impotência, solidão), se misturam em uma única aflição, que
chega a doer fisicamente.
Duração do luto: vivenciamos a
era dos sentimentos e emoções líquidos, onde o desconforto é
descartado e apenas o prazer e a
felicidade são aceitáveis. Ocorre que não somos máquinas e
a condição humana nos apresenta
situações onde não podemos precisar o prazo de validade.
Em meio a esse caos, vem a
necessidade de reconstruir o nosso Mundo interno Não é mágica,
é um processo que requer fala,
escuta , acolhida e experiência inteira, até que a dor,
paulatinamente comece a perder forças
e, onde havia lacuna e tristeza, seja preenchido por
um jardim de sentimentos de boas
memórias e menos peso no coração. Às vezes esse
processo requer ajuda
profissional para ser alcançado e, buscar esse auxílio não significa
fraqueza, nem incompetência, e
sim, uma atitude heroica de quem precisa continuar
seguindo, mesmo sem encontrar
tanto sentido para essa nova jornada.
E para onde vão as saudades que
não cabem nos jazigos e não são sepultadas? Elas
permanecem no amor, que também
não é seputavel, muito menos terminável. Havendo
amor, não cessará jamais essa
saudade. O luto elaborado nos permitirá uma reformulação
sobre o vivenciar os sentimentos
daqueles que partiram mas não se foram: a dor passa a dar
espaço para a gratidão da
oportunidade de convivência e o aperto aflito do coração passa a
sentir o calor da alegria
generosa de onde habitam as melhores memórias carregadas em
nossas almas.
Resta -nos ressignificar a
saudade, como já citado pelo Pe Fábio de Melo: “Que a febre que há
na saudade das partidas, em algum
momento, encontre calmaria e que possamos aprender a
conviver com o amor distante, o
beijo ausente, o abraço imaginado. Aos que foram sem partir
de dentro de nós, que recebam no
silêncio das nossas preces todo o carinho que continua
presente em nossos corações.”
Assim seja, amém!
Marjorie
Calumby Gomes de Almeida.
Pedagoga, Psicopedagoga, Psicanalista
Clinica Psicóloga Organizacional e
Profa. Universitária no Curso de
Psicologia – UNIBRA.