O câncer de mama é o mais incidente em mulheres no mundo, e a principal causa de mortalidade por câncer em mulheres no Brasil.
Frente a esse contexto, outra manifestação também se destaca, as alterações psicológicas pela amputação da mama, um órgão dotado de importantes significados como a maternidade, feminilidade e sexualidade. Comumente a imagem corporal fica deturpada, distorcida em decorrência desta mutilação, fazendo com que a autoestima decaia e se inicie uma avalanche de sentimentos negativos na vida da mulher. O medo, a insatisfação, a insegurança e a revolta são sentimentos comuns presentes no arsenal de sofrimentos nesse processo que podem levar ao isolamento da mulher, a qual possivelmente vê sua feminilidade diminuída perante outras mulheres da sociedade, e a um crescente estado depressivo, alterando a forma com que realiza suas atividades cotidianas e seus relacionamentos.
O tratamento do câncer de mama tem evoluído significativamente, e atualmente quando detectado em estágio inicial possui grande chance de cura, mas não sem um penoso tratamento que pode modificar o físico da mulher, abalando sua feminilidade e seu autoconceito.
O sofrimento psicológico da mulher que passa pela circunstância de ser acometida por um câncer de mama e de ter de se submeter a um tratamento difícil, transcende ao configurado pela doença em si. Refere-se a uma dor que comporta muitas representações e significados atribuídos à doença ao longo da história e da cultura e penetra as dimensões das propriedades do ser feminino, interferindo nas relações interpessoais, principalmente nas mais íntimas e básicas da mulher. Considerar estes aspectos nas propostas de atenção à mulher com câncer de mama requer um acolhimento multidisciplinar, englobando o apoio familiar, médico e acompanhamento psicológico que se faz mais que necessário: é indispensável na reconstrução da sua autoestima, integridade de sua autoimagem, na qualidade de vida e equilíbrio emocional.