Ela pode chegar bem devagarzinho, silenciosamente, como se não tivesse
importância. Num belo dia, você pode acordar meio melancólico ou desanimado. No
outro, se depara com uma sensação de angústia, de vazio e uma vontade
irreprimível de chorar. A depressão se apresenta inicialmente dessa forma.
Descrita pela primeira vez no início do século XX, a depressão atualmente ainda
é demasiadamente confundida com tristeza, sentimento comum a todas as pessoas
em algum momento da vida. A principal
diferença entre elas é que a tristeza é transitória e comumente acomete a vida
de todas as pessoas quando passam por situações desagradáveis, mas que logo em
seguida encontra uma forma de superar, porém no quadro de depressão a tristeza
é um dos seus sintomas, ela permanece presente, ainda que aparentemente não
haja causa. O humor mantém-se abatido, dura a maior parte do dia e diariamente
por, pelo menos 14 dias, além de apresentar
outros sintomas negativos como sentimentos de
desesperança, culpa, baixa autoestima, ansiedade, desespero, preocupação, pessimismo, irritabilidade que acabam por incapacitar o indivíduo para as
atividades rotineiras, como trabalhar, estudar, cuidar da família e até
realizar atividades que antes eram prazerosas. Afetando, portanto, os pensamentos, comportamentos,
sentimentos e o bem-estar de uma pessoa.
Atualmente, mais de 120 milhões de pessoas sofrem com a depressão no
mundo – estima-se que só no Brasil, são 17 milhões. E cerca de 850 mil pessoas
morrem, por ano, em decorrência da doença. Embora seja pouco divulgada, a
depressão possui subtipos e há casos que surgem ou reaparecem em alguns
períodos do ano. O período que antecede o inverno tende a trazer angústia e
iniciar a depressão sazonal. Isso ocorre porque no o inverno, os dias são mais curtos, e
consequentemente ocorre uma diminuição da incidência da luz solar, já que as
noites são mais longas. Em função disso, é comum o aumento de casos de
depressão sazonal. Longe de ser uma
simples tristeza, a depressão é uma doença grave e requer tratamento adequado.
A Depressão e os seus subtipos
Os sintomas da depressão são praticamente os mesmos, independentemente
de seus subtipos, as diferenças são algumas características, como sua duração e
outros sinais que a acompanham. Saiba mais:
·
Episódio depressivo: costuma ser classificado como um período de tempo
em que a pessoa apresenta uma alteração em seu comportamento, apresentando uma
duração mais curta, de até seis meses, sem uma intensificação dos sintomas.
·
Transtorno depressivo maior: é um quadro mais grave e também tem grande relação
com a herança genética. Nele há uma mudança química no funcionamento do
cérebro, que pode ser desencadeada por uma causa física ou emocional.
·
Depressão bipolar: caracteriza-se por mudanças constantes no
humor dos indivíduos, intercalando entre depressão profunda e alegria
excessiva.
·
Distimia: é um transtorno depressivo mais leve, porém persistente. Os sintomas
principais deste quadro são o mau humor, a irritabilidade,
pessimismo e o isolamento social.
·
Depressão atípica: a pessoa apresenta principalmente tristeza e
pensamentos de morte, desesperança e inutilidade.
·
Depressão sazonal: são os episódios
de tristeza relacionados ao inverno. Existem outros tipos de
depressões sazonais, ligadas à épocas do ano. As festas de final de ano, por
exemplo, são um período em que estas depressões acontecem bastante, devido ao
período de reflexão.
·
Depressão pós-parto: é um tipo específico de depressão com causa
pontual: devido a queda dos níveis hormonais na gestação.
·
Depressão psicótica: agrupa os sintomas de tristeza a outros menos
típicos, como delírios e alucinações.
Diagnóstico e tratamentos
Seja
qual for o tratamento, requer paciência e disciplina, pois não há fórmulas
mágicas. Mas crer que uma mudança é possível e cultivar o desejo de cura pode
fazer toda a diferença no processo de tratamento. Por mais que o mundo e a vida
apresentem muitas vezes algumas dificuldades, viver ainda é a maior
contemplação necessária para se ter acesso a felicidade, acredite e desfrute-a!
Marjorie Calumby:
Professora Universitária de Psicologia,
Psicanalista Clínica, Psicopedagogas.