No mês de julho se comemora o dia dos avós e a Netoterapia tem sido o termo utilizado para referir-se ao exercício do convívio com os próprios netos como um processo terapêutico para melhorar a qualidade de vida do individuo.
Graças ao avanço da ciência, atualmente, o ser humano vive mais tempo e com mais vigor do que há bem pouco tempo atrás. Com isso, a terceira idade não é mais encarada como uma fase terminal da vida, mas sim como um novo período a ser contemplado com saúde e bem-estar. Trata-se de um momento para celebração de tantos deveres cumpridos ao longo da vida, como os deveres com o trabalho e a criação dos filhos.
Para lidar com o passar do tempo só há um jeito: VIVÊ-LO e, de preferência com qualidade e cercado das pessoas que nos são raras. A sabedoria trazida com o passar dos anos permite ao idoso a consciência da importância dos vínculos afetivos. Os idosos sabem como ninguém que o amor deve ser cultivado e propagado por toda a vida.
A ciência já nos revelou que o amor é uma necessidade biológica e que os humanos, os mamíferos e algumas aves possuem uma comunicação límbica o que significa que o cérebro é projetado para que através do relacionamento seja garantida a sobrevivência da espécie, pois permite uma relação em que os cuidados estejam presentes por meio do vínculo afetivo como: alimentar, proteger, cuidar. A necessidade do afeto não muda com o passar do tempo, portanto, na terceira idade a chegada de um neto possibilita uma boa oportunidade para exercitar o amor. Os netos representam a própria continuidade de si mesmo e, isto, por si só, já é muito prazeroso. Trata-se de um renascimento e uma oportunidade de melhorar tudo o que ficou pendente na criação dos próprios filhos devido à imaturidade na época.
Estudos apontam que passar algum tempo semanalmente com os netos traz grandes benefícios para a saúde física e emocional, sobretudo ao idoso, pois muitas funções do cérebro são potencializadas e permitem uma melhora significativa na memória, diminui os sintomas da ansiedade e depressão e até mesmo o risco de desenvolver a doença conhecida como Alzheimer, além de melhorar a autoestima, afinal, os avós tendem a cuidar melhor da aparência e da saúde para acompanhar o desenvolvimento e crescimento dos netos e desfrutar dessa fase com trocas de aprendizagens.
Um estudo australiano na Universidade de Melbourne provou até mesmo que esta relação saudável entre as duas gerações pode trazer benefícios à memória e retardar alguns sintomas iniciais de doenças como o Alzheimer.
No entanto, o mesmo estudo mostrou que os avós sobrecarregados com o ‘fardo’ de cuidar de seus netos durante toda a semana não tiveram um bom desempenho. Os testes de memória e cognitivos mostraram um impacto devido ao estresse da responsabilidade atribuída a eles.
Diante disso, é importante ressaltar que esse convívio apesar de prazeroso deve ocorrer com moderação, sem envolver muitas responsabilidades e obrigações para o idoso.
Deve-se respeitar as limitações dos avós e, portanto, não cabe delegar a eles as obrigações destinadas aos pais.
O convívio saudável com os avós deve ser desfrutado com alegria e gratidão, pois é um lugar em que a paciência, o amor, os cuidados, o aconchego (e muitas vezes, aquela comidinha maravilhosa) fazem morada e estão sempre disponíveis à espera dos netos.
Marjorie Calumby
Psicanalista, psicóloga, psicopedagoga, professora universitária do curso de psicologia, psicóloga organizacional, colunista e palestrante.