Que tipo de "pipokinha" seus filhos têm consumido?



Não é de hoje que nos deparamos com letras de músicas de duplo sentido, que eram especialmente presentes nas marchinhas dos antigos carnavais. No entanto, ao longo dos anos, essas letras ficaram cada vez mais explícitas e acessíveis, chegando inclusive às crianças. 

Alguns criadores de conteúdo, famosos e artistas apelam pela "inovação" em busca de visibilidade e engajamento lucrativo, sem se importar se estão oferecendo postagens com conteúdo relevante e informações úteis e de valor para seus seguidores. Isso tem criado uma cultura de distorção de valores humanos oferecidos às nossas crianças. 

Cada vez mais, as crianças têm sido alvo de músicas e coreografias que incentivam a superexposição precoce do corpo, apresentando conteúdo de cunho sexual. Como a criança ainda não tem senso crítico, ela aprende e reproduz esses materiais facilmente. Esse tipo de consumo pode provocar a não assimilação adequada das informações envolvidas, causando muitas vezes conflitos comportamentais, agitação e ansiedade. 

O que está por trás desses predadores da inocência? 

Na busca desmedida por fama, dinheiro e sucesso, alguns artistas se lançam com linguagem infantil, fazendo uso de vestimenta e adereços infantis, visando alcançar uma imagem de inocência. 

No entanto, analisando detalhadamente e com a devida atenção, os pais podem se surpreender com materiais nada inocentes, que servem de isca para fisgar o público infantil, chegando a envolver temas absurdos como incesto, zoofilia e até pedofilia. 




Como os pais devem intervir?

No caso de crianças menores, os adultos responsáveis pela educação devem supervisionar e decidir o que as crianças ouvem e assistem. Com filhos maiores, a partir da pré-adolescência, os pais devem conversar e estabelecer combinações favoráveis para todos os envolvidos, chegando a um acordo. 

Os pais podem aproveitar a oportunidade e usar a música para usufruir de seus benefícios no desenvolvimento infantil, pois ela contribui para a integração da sensibilidade e da razão. Segundo Araújo (2005), o conceito de infância deve considerar o contexto temporal e cultural da criança, atrelado à fase de desenvolvimento e seus possíveis avanços na aprendizagem. Assim, conhecendo essa conjuntura, pode-se fortalecer a cultura da criança e ampliar novos horizontes culturais. 

A partir do contato com a música outras funções são ainda mais ampliadas na criança, como a linguagem, criatividade, raciocínio, expressão corporal e socialização, além de estimular a concentração e a memória, dando oportunidade de agir, criar, simbolizar e significar sendo, ainda, uma ótima forma para as crianças brincarem e se divertirem de forma prazerosa, transformando o ambiente propício para várias aprendizagens cognitivas, afetivas e psicomotoras para um melhor desenvolvimento saudável global do sujeito. 

Por último e não menos importante o monitoramento dos pais nunca será exagerado e jamais subestimem as atrocidades que podem estar escondidas por trás de nomes fictícios aparentemente ingênuos. Pode sair muito cara a indigestão do consumo irresponsável de alguma  “pipokinha “.

Marjorie Calumby -
Psicanalista, psicopedagoga,  professora universitária do curso de psicologia, colunista e palestrante. 


Postagem Anterior Próxima Postagem