PSICOFOBIA ; MAIS RESPEITO COM A DOR QUE NÃO É SUA!

 



"Quando não somos capazes de entender alguma coisa, procuramos desvalorizá-las com críticas. Um meio ideal de facilitar nossa tarefa." - Sigmund Freud em "Duas Histórias Clínicas: O Pequeno Hans e o Homem dos Ratos" (1909)

                                  “Depressão é frescura, é preguiça, falta de força de vontade.”

                             “Você precisa gastar essa energia, vai arrumar um (a) namorado (a). “

                                   “Você precisa ter mais fé. Isso é falta de Deus na sua vida!”

                                 “Você não precisa de terapia, você precisa ocupar sua mente”.

Lamentavelmente, essas são algumas das frases comuns que as pessoas que estão atravessando alguma dificuldade psicológica, emocional e/ou transtornos ou doenças psiquiátricas lidam com frequência. São frases que diminuem, ridicularizam, desrespeitam e invalidam o sofrimento mental alheio. Elas denunciam que ainda somos carentes de informações de boa qualidade, além de serem propagadoras de pensamentos distorcidos e muito preconceituosos.

São muitos os motivos repletos de estigmas arraigados culturalmente que se fazem ainda presentes em nossa sociedade. Até pouco tempo atrás, as doenças mentais tinham tratamentos terapêuticos limitados, devido às perspectivas farmacológicas precárias. Desse modo, o sujeito acometido por problemas psicológicos e/ou psiquiátricos era renegado pela família e sociedade, passando inclusive grande parte da vida em instituições psiquiátricas conhecidas como manicômios.

Grande parte da população mundial em algum momento precisará buscar ajuda na área da saúde mental, especialmente com o agravante da pandemia, que aumentou consideravelmente o número de transtornos e suicídios. Em estudo realizado recentemente pela Associação Brasileira de Psiquiatria, os médicos associados perceberam um aumento de até 25% nos atendimentos psiquiátricos e de 82,9% no agravamento dos sintomas em seus pacientes; são números alarmantes e, certamente podemos deduzir que estes números sejam ainda maiores, visto que muitas pessoas não tem acesso ao tratamento, quer seja pela precariedade do sistema público que não consegue atender a toda a demanda, quer seja pelos altos custos que o tratamento exige no investimento de tempo e financeiro, além dos que não se sentem confortáveis em procurar ajuda por questões preconceituosas.

A palavra “preconceito” é definida no dicionário como ato de julgar algo ou alguém antes de obter o conhecimento a respeito. Aqui a intolerância é resultado da generalização antecipada do senso comum. É contra esse preconceito que os profissionais da área da saúde mental combate há anos e nos direciona para outro termo: a psicofobia.

A psicofobia é o preconceito às pessoas que sofrem de transtornos e deficiências mentais. Comumente, as doenças mentais são distorcidas para conotações negativas. A psicofobia se faz presente quando o individuo é hostilizado, onde há negação da existência da doença, onde existe vergonha do diagnóstico ou recusa ao tratamento. Precisamos nos conscientizar de que o psiquiatra estudou por muitos anos o curso de medicina e se especializou para diagnosticar, receitar e tratar os problemas mentais, do mesmo modo, o psicólogo e/ou psicanalista estudaram muitos anos para entender sobre universo da mente e poder auxiliar de forma multidisciplinar todo esse sofrimento e resgatar a qualidade de vida dos pacientes.

Propagar psicofobia, além de ser um ato preconceituoso, discriminatório e criminoso é também um ato de agravar o problema, podendo levar o individuo a dar cabo a própria vida. Por tanto, se você não é profissional da área, não tem conhecimento sobre saúde mental, não contribua com comentários reforçadores de sofrimento e indique um bom profissional. Onde não puder ser rede de apoio, contribua com o não julgamento.


                                                    

Marjorie Calumby Gomes de Almeida: Graduada em Pedagogia, Pós-Graduada em Psicopedagogia Clinica e Institucional, Psicanalista, Psicóloga Organizacional, Professora Universitária no Curso de Psicologia na UNIBRA.

 

 

 

 

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